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Foto do escritorErika Louise

Cannabis medicinal e o uso pediátrico

É seguro usar óleo full spectrum em crianças e adolescentes?


Diante da popularidade e os avanços da Cannabis Medicinal, muitos debates surgiram nas redes sobre seu uso por crianças e adolescentes. Em outubro de 2022 o chef e apresentador do famoso programa “Master Chef”, Henrique Fogaça1, veio às redes com sua filha Olivia, de 14 anos, portadora de uma síndrome rara não especificada, em defesa do uso do óleo de Cannabis que, segundo ele, tem melhorado a vida da jovem desde que iniciou o tratamento há três anos.


Além dele, diversas associações da sociedade civil, tal como de mães de pacientes usuários de Cannabis Medicinal, testemunham e defendem o acesso do óleo para crianças com as mais diversas doenças: epilepsia refratária, transtorno do espectro autista (TEA), múltiplas doenças degenarativas, muscoloesqueléticas e neuropsiquiátricas, figuram entre elas2,7.


Contudo, ainda que tenha grande repercussão, o uso pediátrico da Cannabis segue tangido de dúvidas relacionadas, principalmente, aos efeitos da substância tetrahidrocanabinol (THC) em crianças. Isso porque os óleos de cannabis mais populares são compostos predominantemente da substância Canabidiol (CBD), mas também possuem porcentagem de THC. Estes óleos “mistos” são chamados de óleos full spectrum.


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), permite que médico, dentista ou médico veterinário prescreva o óleo full spectrum. Contudo, segundo sua última Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 327, de 9 de dezembro de 2019, demanda que estes medicamentos sigam a seguinte proporção3:


Art. 4° Os produtos de Cannabis contendo como ativos exclusivamente derivados vegetais ou fitofármacos da Cannabis sativa, devem possuir predominantemente, canabidiol (CBD) e não mais que 0,2% de tetrahidrocanabinol (THC).




Por que utilizar o óleo misto, "full spectrum"?


Os óleos full spectrum, quando de procedência segura e regulamentados pela ANVISA, devem possuir pequena proporção (até 0,2%) de THC. Ao contrário do que possa se pensar, os óleos mistos têm sido a primeira escolha de muitos prescritores de Cannabis. Isso porque, segundo estudos recentes, a associação entre os fitocanabinóides, tal como CBD e THC, tem efeitos sinérgicos, potencializando o efeito terapêutico. Este recurso é chamado de efeito entourage.


Sobre o efeito entourage, cabe citar o estudo de meta-análise de pesquisadores da Universidade de Campinas (UNICAMP), de 2019, que avalia 199 estudos clínicos que comparam os efeitos do CBD isolado com o do CBD enriquecido (CBD mais outros fitocanabinóides) para o tratamento de epilepsia refratária. O estudo graficamente demonstra que os produtos mistos (com CBD e THC) apresentaram um perfil terapêutico superior em crianças e adolescentes4.


Mas, o THC não faz mal?


O uso da Cannabis de forma medicinal considera e se preocupa com a presença do THC, tanto pelo seu potencial terapêutico (efeito entourage), quanto pelos seus possíveis efeitos colaterais adversos. Cabe, assim, ao prescritor, tomar ciência dos possíveis efeitos da substâncias nas doenças tratadas por ele. Deve-se, ainda, conhecer e confiar no produto prescrito, sabendo dosá-lo de forma a evitar efeitos não almejados.


Por isso, os derivados de Cannabis a serem prescritos devem ser bem conhecidos pelos pacientes e prescritores e, preferencialmente, contarem com certificações de qualidade, como testes de Potência e Cromatografia. Hoje, muitos produtos, principalmente importados de países que legalizaram o seu uso e plantio medicinal, como é o caso do Natyva CBD que é fabricado no Colorado EUA, contam com esses selos de análise.


Desta forma, conclui-se que não restam dúvidas sobre os potenciais efeitos benéficos do uso da Cannabis Medicinal em crianças e adolescentes, sobretudo de óleos full spectrum.



REFERÊNCIAS: 1. Henrique Fogaça aparece com filha nas redes sociais declarando apoio ao uso de canabidiol para tratamento de doenças. Extra Globo, São Paulo, 18 de outubro de 2022. Disponível em: <https://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/henrique-fogaca-aparece-com-filha-nas-redes-sociais-declarando-apoio-ao-uso-de-canabidiol-para-tratamento-de-doencas-25592613.html>. Acesso em: 16, novembro de 2022.)

2. Mães e ativistas protestam contra restrição a uso de canabidiol. Correio 24 horas, Salvador, 21, outubro de 2022. Disponível em: https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/maes-e-ativistas-protestam-contra-restricao-a-uso-de-canabidiol/. Acesso em: 16, novembro e 2022.)

3. BRASIL. Resolução da diretoria colegiada - RDC Nº 327, de 9 de dezembro de 2019. Dispõe sobre os procedimentos para a concessão da Autorização Sanitária para a fabricação e a importação, bem como estabelece requisitos para a comercialização, prescrição, a dispensação, o monitoramento e a fiscalização de produtos de Cannabis para fins medicinais, e dá outras providências. Órgão emissor: ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Disponível em: www.anvisa.gov.br. Acesso em: 16 de novembro de 2022.

4. Pamplona FA, da Silva LR, Coan AC. Potential Clinical Benefits of CBD-Rich Cannabis Extracts Over Purified CBD in Treatment-Resistant Epilepsy: Observational Data Meta-analysis. Front Neurol. 2018 Sep 12;9:759. doi: 10.3389/fneur.2018.00759. Erratum in: Front Neurol. 2019 Jan 10;9:1050. PMID: 30258398; PMCID: PMC6143706



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